processo utilizado para marcar, com precisão, cada quadro na sequência de imagens gerada dentro do sinal de vídeo, facilitando a edição e a sincronização das mesmas. Tomando-se como base por exemplo o padrão NTSC, onde a cada segundo são gerados 30 quadros, cada quadro gerado recebe uma numeração independente, do tipo

HH:MM:SS:QQ

onde HH=hora, MM=minutos, SS=segundos e QQ uma sequência numérica representando os 30 quadros existentes dentro de cada intervalo de um segundo. Ao contrário da numeração imprecisa do tipo HH:MM:SS exibida no painel de um VCR comum (derivada da simples contagem dos pulsos da trilha Control Track) , o Timecode vai além, permitindo acesso individual quadro a quadro. A edição linear utilizando equipamentos que conseguem ler e gravar estes códigos é muito mais precisa do que a feita sem utilizá-los. Na edição não-linear seu uso é automático: o próprio software trata o material editado utilizando o conceito de Timecode, ou seja, numerando um a um seus quadros.

O sistema de numeração utilizado segue o princípio de um relógio digital: assim como no primeiro minuto do dia a hora é representada por "00", no último minuto do dia a hora é representada por "23". O intervalo das 24 horas do dia pode então ser representado por "00" / "01" / "02" ... "23". Analogamente, os minutos e os segundos também são numerados de "00" a "59".O intervalo de numeração dos quadros ("QQ" no exemplo acima) depende do formato utilizado. No sistema NTSC, que trabalha com 30 quadros/segundo, QQ vai de "00" a "29"; no sistema SECAM por exemplo, que trabalha com 25 quadros/segundo, QQ vai de "00" a "24", que é a mesma numeração utilizada nos Timecodes empregados no cinema).

Assim, o primeiro quadro é o quadro 00:00:00:00, o segundo quadro 00:00:00:01, e assim por diante. No processo de edição, efetuar um corte para separar um trecho com uma hora de duração significa cortar entre 00:59:59:29 e 01:00:00:00 (e não entre 01:00:00:00 e 01:00:00:01).

Geralmente o Timecode é gravado pela câmera de vídeo (quando a câmera possui esta opção, o que depende do tipo de câmera e do tipo de formato de vídeo utilizado), no momento da captura da imagem, sendo armazenado na fita em uma área próxima à mesma ou no disco óptico na área correspondente a este tipo de informação no disco. Existem vários tipos de Timecode: em alguns deles, é possível fazer-se a gravação deste tipo de informação na fita/disco de maneira independente da imagem gravada (antes ou após as imagens terem sido capturadas).

Assim, é usual no trabalho com alguns tipos de formato de vídeo (formatos DV por exemplo) inserir uma fita virgem na câmera e acionar a gravação (REC) da mesma, com as lentes tampadas, até o seu final, para que a informação de Timecode fique gravada na fita inteira. A gravação subsequente de imagens sobrepostas a esta "imagem preta" previamente gravada não irá alterar o Timecode já gravado: a câmera normalmente só grava a informação de Timecode em trechos onde não exista esta informação (trechos virgens ou apagados). Este procedimento permite ter-se uniformidade na numeração, tornando mais fácil a localização dos vários trechos gravados.

No entanto, o procedimento acima é desnecessário se a fita/disco virgens ou apagados forem inseridos na câmera e forem gravados de modo a não deixar nenhuma parte desgravada entre os diversos trechos. Assim por exemplo, gravar 5 segundos, retroceder e reiniciar a gravação a partir do quarto segundo fará com que a câmera continue numerando sequencialmente os quadros a partir do quinto segundo (sexto, sétimo, etc...). Porém gravar 5 segundos, avançar 2 e reiniciar a gravação fará com que a câmera, dependendo do formato de vídeo utilizado, reinicie a numeração dos quadros no Timecode. Isto ocorre em alguns formatos (como no DV por exemplo) e não ocorre em outros (como no Betacam por exemplo). Nestes, o Timecode utilizado é do tipo SMPTE Timecode (ou LTC), que estabelece um horário corrido para a numeração HH:MM:SS associada à numeração QQ dos quadros: a numeração será sempre crescente, independente do ponto da fita/disco a ser gravado no momento seguinte.

Por outro lado determinados tipos de Timecode permitem também que esta informação (Timecode) seja inserida sobre uma imagem já previamente gravada em uma fita de vídeo, o que pode ser feito geralmente através de determinados tipos específicos de VCR.

No caso da edição não-linear a existência de Timecode previamente gravado possibilita escolher através do software quais trechos serão capturados e trazidos para dentro do microcomputador, processo denominado batch capture.

Os vários tipos existentes de Timecode são gravados de diferentes maneiras junto com a imagem. Alguns dos tipos mais utilizados: SMPTE Timecode (LTC, VITC), DV Timecode e RCTC .

O Timecode foi criado no final dos anos 60, para facilitar e aumentar a precisão no controle da edição de vídeo. Originalmente desenvolvido pela NASA para manter o histórico preciso do funcionamento dos principais instrumentos dentro das espaçonaves Gemini e Apollo (gravado em fitas de telemetria), foi adaptado para uso em vídeo e colocado no mercado com o nome de On-Time em 1967 pela EECO - Electronic Engineering Company of America. Em 1972 foi padronizado pela SMPTE - Society of Motion Picture and Television Engineers.

Em cinema, além da utilização durante o processo de edição, quando o filme é transposto para vídeo (em formatos de alta qualidade), facilita o trabalho de sincronização do som e imagem após a filmagem (o som não é gravado na câmera), podendo ser exibido em um visor digital embutido na claquete utilizada antes de cada tomada ser efetuada:

Neste caso o Timecode mostrado no visor é ligado ao equipamento de gravação de som e a transmissão do sinal para a claquete pode ser feita com ou sem fio (via rádio-transmissor). Existem claquetes 'inteligentes', que possuem um gerador embutido de Timecode.

Existem também Timecodes voltados somente para utilização em equipamentos de áudio, como o Midi Timecode (MTC), Midi Sync, Superclock, Word Clock, AES, Song Position Pointer e outros.