(generator locking) o sinal de vídeo é formado através de linhas , que, desenhadas uma após a outra (pares e ímpares no sistema entrelaçado e uma após a outra no sistema progressivo ) formam os quadros . Existe uma cadência precisa para a montagem desses quadros; no sistema NTSC por exemplo ela é de 29,97 qps (quadros por segundo), informalmente referenciada como "30qps". Se tivermos uma câmera gravando determinadas imagens, ela estará gerando novos quadros nesse sistema a cada 1/30seg. (utilizando a notação informal). Se agora, ao lado desta câmera, tivermos uma outra, também gravando suas imagens, teremos 2 equipamentos gerando novas imagens a cada 1/30seg., porém nada irá garantir que quando uma câmera iniciar o desenho de um dos quadros de imagem, a outra também fará o mesmo, no mesmo instante. Quando o conteúdo gravado pelas duas câmeras é levado até uma NLE ilha de edição, o software irá fazer coincidir os tempos dos dois sinais, ou seja, os quadros terão início simultâneo tanto em um conteúdo (gravado na primeira câmera) como em outro (gravado na segunda câmera), independente do ponto onde cada conteúdo seja posicionado na timeline .

O "casamento" dos tempos dos sinais referido aqui nada tem a ver com o Timecode (utilizado ou não) e sim com o momento em que tem início o desenho de cada linha em cada quadro de cada conteúdo de vídeo combinado na timeline, como exemplifica o desenho abaixo, onde aparecem os campos par e ímpar (cujo conjunto forma um quadro), na sequência, um após o outro:

No entanto, se essas câmeras, sem que nenhum processo especial seja feito, estiverem conectadas a um switcher (ou mixer de vídeo ), os tempos dos dois sinais estarão (exceto por uma extrema coincidência) diferentes, como mostra o desenho abaixo:

Isso se refletirá na imagem no momento em que no switcher for acionada a mudança de câmera 1 para câmera 2. O sinal mixado dessa maneira será enviado a um dispositivo de saída, um televisor ou monitor . Quando este então for exibir a imagem, no momento da transição, o próximo quadro fora de sincronismo (fora de "fase") fará com que o circuito do televisor tente se ajustar ao novo padrão de tempo. Essa tentativa de ajuste, até que o mesmo seja obtido, traduz-se em um distúrbio na imagem; uma perda momentânea de estabilidade que não ocorre quando assistimos a um canal de TV e o próprio canal muda as cenas de determinado programa. O que acontece na verdade é muito similar ao "salto" que vemos quando mudamos no televisor, de um canal para outro.

No próprio switcher o problema de instabilidade pode ocorrer, se um efeito como o dissolve por exemplo é aplicado. Nesta situação, duas imagens com tempos de sincronismo diferentes são exibidas simultaneamente durante o tempo em que dura a transição, fazendo com que o sistema tente durante este tempo fazer o efeito e sincronizar as imagens, resultando em distúrbios como imagem rolando na tela, falhas na reprodução de cores e outros.

Esse problema pode ser contornado e solucionado de diversas formas. Uma delas, mais simples porém menos precisa, consiste em fazer com que o próprio mixer faça a sincronização dos quadros dos sinais que recebe. Ou então fazer o mesmo através de placas no computador que executam esta tarefa (genlock cards ou multi-function cards que possuam esta função). O que esta solução faz na verdade é armazenar temporariamente em uma memória interna uma fração de segundo de um ou de outro sinal de forma a sincronizá-los na saída. Um exemplo de mixer que executa esta função são os destinados ao segmento semi-profissional, como o exibido abaixo, da Edirol ou de fabricantes como a Videonics:

A outra forma consiste em fazer com que as câmeras já enviem o sinal para o switcher em fase, com os quadros sincronizados. É este processo que recebe o nome de genlock. Aqui os sinais não são atrasados (armazenados em memórias nos mixers para sincronismo) e os tempos são absolutamente iguais. É o processo utilizado no segmento profissional, principalmente em estúdios de TV.

Para que isto ocorra, as 2 câmeras no exemplo acima devem receber uma mesma referência de sincronismo externo, ou seja, necessitam ter a opção de aceitar sinais externos de sincronismo. Isto significa que precisam ter um conector especial de entrada denominado genlock.

As partes do sinal de vídeo relativas ao processo de sincronismo são os pulsoshorizontal evertical de sincronismo da imagem , o sincronismo dos quadros e o de cor da imagem. Esses sinais, juntamente com os da imagem propriamente dita formam o sinal de vídeo completo. Um sinal especial, com todas as informações de sincronismo, mas sem as imagens, é denominado black burst , e pode ser emitido por um aparelho gerador de sinais de sincronismo com a finalidade de sincronizar equipamentos de vídeo, não só câmeras como também decks de gravação. Neste caso, é este sinal que é enviado, através de um cabo, para cada câmera em separado, em uma das opções de sincronismo, para entrada através de seus conectores genlock como mostra o esquema abaixo:

Na ausência de um sinal do tipo black burst, um sinal normal de imagem, do tipo video composto pode ser utilizado em seu lugar. A opção sinal de vídeo composto pode ser utilizada para sincronizar ("genlocar") as duas câmeras entre si; neste caso somente uma delas necessita estar conectada ao gerador de sincronismo, como mostra o esquema abaixo:

A imagem abaixo mostra uma entrada do tipo genlock na câmera GY-HD250U da JVC. Geralmente câmeras comercializadas para uso em estúdio (ou em versão estúdio, quando mais de uma versão do mesmo equipamento está disponível) possuem o conector para genlock, como mostra a imagem abaixo:

O sinal de referência / black burst é normalmente enviado para a câmera através de cabos para sinaisSDI (no modo SD (sinal de vídeo)) ouHD-SDI (no modo HD HD), com conectores do tipo BNC BNC. O mesmo tipo de conector pode ser utilizado para o tráfego de sinais de vídeo composto, na segunda opção, como indicado na câmera acima, na inscrição "AUX IN" ao lado do conector. Estúdios e aplicações profissionais preferem o uso do sinal SDI para genlock devido à sua robustez e possibilidade de maior comprimento de cabo do que os utilizados em vídeo composto. O conector BNC é utilizado também devido à sua robustez.

Assim, enquanto o recurso do timecode destina-se à edição off-line, o recurso do genlock destina-se à transmissão (ou gravação) ao vivo. Um sincroniza quadros, enquanto outro sincroniza o sinal a nível de pulsos de sincronismo. Se duas câmeras forem sincronizadas somente via timecode, apesar do contador de quadros ter o mesmo valor nas duas, não há garantia de que a montagem dos campos do sinal também esteja sincronizada, como mostra a ilustração a seguir:

O esquema mostra uma interrupção simultânea na gravação das 2 câmeras (feita através de um controle remoto unificado): apesar do timecode ser idêntico neste momento para ambas, uma delas está mais adiantada no desenho dos quadros do sinal de imagem. O corte ao vivo do sinal de uma delas para o sinal da outra, via um mixer sem compensação de buffer de memória como mostrado anteriormente, causará instabilidade no sinal.