teoricamente as fitas magnéticas utilizadas em vídeo são fabricadas para poderem ser regravadas centenas e centenas de vezes sem apresentar nenhum problema. Porém, na realidade, cada regravação deixa-as mais propensas a sofrer falhas na reprodução das imagens. Esta situação não é exclusiva das fitas utilizadas em formatos analógicos, atinge também as fitas dos formatos digitais. Apesar dos cuidados em sua fabricação, como por exemplo o uso de lubrificantes especiais em sua superfície como nas fitas Mini-DV, o inevitável atrito com o cilindro giratório das cabeças de gravação vai aos poucos acarretando desgaste da camada de proteção. Com o tempo, a camada contendo as partículas magnéticas fica exposta e no atrito não só com a superfície do cilindro, mas também com os pequenos roletes e rodízios internos que direcionam a fita dentro do cassete, pode ter algumas partículas desprendidas.

Esses pontos perdem a capacidade de reter informações - no caso dos formatos digitais por exemplo, de ter partículas metálicas magnetizadas (polarizadas conforme a orientação Norte/Sul magnética) representando os "0"s e "1"s da informação binária. Embora minúsculos, os pontos falhos podem-se refletir na imagem alterando-a. Os sistemas digitais possuem diversos mecanismos de recuperação automática de dados perdidos em caso de falha, porém essa recuperação possui um limite, que se extrapolado, resultará em falha na reprodução da imagem: tem-se o dropout. A figura abaixo ilustra o aspecto de dropout em uma gravação analógica (imagem da esquerda) e em uma gravação digital (imagem da direita):

É possível a ocorrência de um dropout digital intermitente: dependendo do posicionamento particular do cilindro das cabeças em relação à superfície da fita, em dado momento o software pode ou não conseguir corrigir a falha na leitura.

O uso intensivo de fitas já gastas pode fazer com que as partículas desprendidas de sua superfície fiquem aderidas de forma temporária em determinados trechos da superfície do cilindro das cabeças. Isso acarreta ainda mais dropouts, desta vez por falta de contato direto desses trechos do cilindro com a superfície da fita, e não por defeito nas fitas. Nesta situação, o defeito ocorrerá de forma constante para todas as fitas reproduzidas no equipamento - tem-se o chamado head clog, exigindo uma limpeza geralmente efetuada com mais êxito por pessoal especializado. Algumas câmeras possuem sensores internos para detectar essa situação e enviar uma mensagem de "head clog" através do visor.

Em determinadas situações, somente uma das cabeças do cilindro giratório falha, enquanto a outra permanece funcionando normalmente. O defeito geralmente é temporário, resultado de alguma partícula solta (sujeira) entre a fita e o cilindro, que acaba sendo deslocada com a movimentação da fita. Nesta situação, ao refazer a leitura a falha deixará de aparecer. Em outras situações pode no entanto ser permanente: head clog em somente uma das cabeças. Tanto em um como em outro caso, somente parte da imagem de um novo quadro é lida pelas cabeças, enquanto a outra parte (correspondendo ao quadro anterior) permanece inalterada no buffer de memória. Quando o defeito ocorre exatamente na mudança de uma cena para outra, torna-se bem visível. O efeito na imagem recebe o nome de banding, em referência às faixas (band) que se formam na geração incorreta do conteúdo. A seguir, um exemplo do problema, mostrando os dois quadros (de cenas diferentes) incorretamente montados devido ao problema ocorrido na leitura:

Não existe uma regra matemática para prever quando exatamente um dropout irá ocorrer. Uma fita pode ser reutilizada muitas e muitas vezes sem apresentar problema algum. Por outro lado, dependendo de diversos fatores, na segunda reutilização algum dropout já pode aparecer. Esta situação é muito rara, porém, como não é impossível, leva a algumas conclusões sobre o modo de utilização das fitas em videoprodução.

Para trabalhos com importância crítica, com grande exigência de qualidade, é recomendável o uso de uma nova fita sempre. Mas deve-se ter em mente que a exigência mencionada refere-se geralmente a trabalhos destinados a broadcast, a transferência para película cinematográfica, a tratamento digital para produção de efeitos especiais ou ao uso profissional (registro de eventos por exemplo).

Nos usos domésticos (segmento consumidor) e mesmo semi-profissional, alguma eventual falha, por ser dificilmente visível ou então por aparecer e desaparecer rapidamente, na forma de pequenos quadriculados / retângulos mais claros do que deveriam ser, é perfeitamente aceitável, o que leva a recomendação do uso e reuso constante das fitas, sem problemas. Aliás, era essa a intenção dos criadores do formato Mini-DV, originalmente destinado ao público desses segmentos.

O cuidado na preservação das fitas é algo que não pode ser deixado de lado e também contribui em muito para o aparecimento precoce de falhas, como a rebobinagem frequente das mesmas, a rebobinagem total antes do primeiro uso, a preocupação em não armazená-las sem estarem totalmente rebobinadas, o não desligamento e armazenamento da câmera com a fita dentro e outros cuidados mais básicos, como proteção contra umidade, campos magnéticos, calor, mudanças bruscas de temperatura e/ou umidade, etc..

Outra recomendação é evitar a troca de marcas de fita na mesma câmera, ou então o uso de fitas gravadas em um equipamento para serem reproduzidas em outro. O formato Mini-DV foi criado originalmente para uso no segmento consumidor, onde essas trocas são menos frequentes do que em uma produtora por exemplo. O ideal é as mesmas fitas serem utilizadas mas mesmas câmeras (ou pelo menos em câmeras do mesmo fabricante). O processo de gravação Mini-DV comprime uma grande quantidade de dados em trilhas microscópicas na fita, e o mecanismo para efetuar a gravação e leitura dessas trilhas empregando um cilindro girando a 9.600rpm em conjunção com o movimento da fita exige um mecanismo de alta precisão, com precisão de relojoaria. Isso deixa a fita mais sensível a pequenas variações milimétricas entre um equipamento e outro.

A outra situação - troca frequente de equipamentos - é contemplada pelo formato DVCAM, também da família DV, ou seja, com a mesma qualidade de sinal, porém gravado em fitas bem mais robustas (tanto o cassete como a fita em si), com características para suportar o trabalho pesado do dia a dia (o maior espaçamento entre as trilhas por exemplo, reduz o tempo de gravação mas permite a troca entre equipamentos sem problemas - maior folga na leitura). Neste caso o benefício não é somente da gravação do sinal (que pode ser gravado também em uma fita Mini-DV comum): para complementá-lo, quando em uso intensivo, deve-se utilizar a própria fita DVCAM. Estas são também bem mais resistentes a regravações do que as fitas Mini-DV.