distribuição espacial do som em um ambiente através de caixas acústicas estrategicamente posicionadas. A idéia é proporcionar ao ouvinte uma sensação de 'imersão' dentro do ambiente ao qual se referem os sons, como por exemplo uma música, onde é possível perceber o som dos diferentes instrumentos vindo de várias direções ou um filme, onde o ouvinte pode-se sentir na mesa de um movimentado restaurante. Para obter o efeito, diferentes conteúdos sonoros são gravados em canais separados, destinados a serem reproduzidos nas caixas acústicas dispostas ao longo do ambiente, à frente, dos lados e atrás do ouvinte - o que acarreta a sensação de espacialidade.

O esquema mais comum, principalmente em home theaters, emprega 6 caixas de som, 3 delas localizadas à frente do ouvinte: uma à sua esquerda, outra à sua direita e a terceira na posição intermediária (central) entre as duas (left, center, right). Duas outras caixas são colocadas atrás do ouvinte, uma à esquerda e outra à direita (left rear, right rear). E a sexta caixa não tem posição determinada: especializada em reproduzir sons graves, sua localização em relação ao ouvinte não é tão importante, pois o ouvido humano é muito pouco sensível à identificação do local de origem de sons graves do que de sons de outras frequências, como os médios e agudos. Geralmente 5 das 6 caixas tem construção idêntica: de tamanho normalmente pequeno, são especializadas na reprodução dos sons médios e agudos. A caixa que reproduz os sons graves é bem maior e mais pesada; com aspecto de um cubo, é conhecida como subwoofer. A figura abaixo ilustra uma disposição típica para essas caixas:

Em um filme, a caixa central frontal é normalmente utilizada para os diálogos - deve ressaltar a fala das pessoas na tela; assim, em home theaters é geralmente colocada próxima da tela onde são exibidas as imagens, logo acima ou abaixo desta. As caixas frontais laterais reproduzem conteúdos com localização definida, como por exemplo o ruído do motor de um carro que se aproxima pela esquerda. A música geralmente predomina também nesses canais. Sons de explosões e outros efeitos tornam-se mais realistas com a ajuda dos canais traseiros e também, às vezes, do subwoofer.

Existem outros esquemas, empregando maior número de caixas, geralmente encontrados em salas de cinema. Outros ainda empregam menos caixas, dispensando por exemplo o subwoofer ou ainda utilizando somente duas caixas frontais, como o tradicional arranjo dos amplificadores estéreo domésticos.

Para obter o efeito surround a partir da trilha sonora gravada em mídias como DVD-Video e películas cinematográficas, é necessário que essa trilha possibilite a geração dos diferentes canais a serem enviados às diferentes caixas acústicas. Processos especiais perrmitem codificar digitalmente vários canais em uma única trilha - tem-se assim um único bitstream (sinal digital composto por série de bits) a partir do qual durante a reprodução é possível recuperar individualmente cada um dos canais.

A quantidade de canais codificada em uma trilha de áudio depende de diversos fatores relacionados à produção do material. Assim por exemplo, um filme muito antigo terá somente um canal de áudio - som monofônico. Quando um DVD-Video com conteúdo assim gravado for reproduzido em um sistema de 6 caixas como o descrito acima, o som será direcionado somente para a caixa frontal central (a menos que alguma função especial no amplificador o reproduza igualmente nas demais caixas). Para indicar não só esse como também outros tipos de gravação, um símbolo indicativo é utilizado, reproduzindo a quantidade de canais e sua distribuição espacial como quadrados desenhados em uma linha em forma de quadrado. O sistema monofônico acima referido é indicado pelo símbolo:

Estes símbolos estão geralmente presentes nas mídias comercializadas, como capas de DVD-Video por exemplo. O desenho abaixo mostra o direcionamento do canal no sistema de 6 caixas:

Um material gravado somente com dois canais, esquerdo e direito (estéreo), será representado por:

Abaixo, o direcionamento no sistema de 6 caixas:

Os exemplos acima não implementam o efeito surround; este já aparece no entanto em materiais gravados com 4 canais. Neste caso, 3 canais correspondem aos frontais esquerdo, central e direito e o quarto, a um som monofônico distribuído igualmente para as duas caixas traseiras. A situação é representada pelo símbolo:

Abaixo, o direcionamento no sistema de 6 caixas:

Abaixo uma variação do esquema acima, onde um canal adicional é gerado para alimentação do subwoofer com sons graves:

Abaixo, o direcionamento no sistema de 6 caixas:

Alguns materiais são gravados com 5 canais, onde 3 canais correspondem aos frontais esquerdo, central e direito e o quarto e o quinto a sons distintos distribuídos para as duas caixas traseiras, sem canal adicional para subwoofer. A situação é representada pelo símbolo:

Abaixo, o direcionamento no sistema de 6 caixas:

Outros materiais são gravados com os 5 canais e mais um independente para os graves. Neste caso, 3 canais correspondem aos frontais esquerdo, central e direito, o quarto e o quinto a sons distintos distribuídos para as duas caixas traseiras e o adicional é direcionado ao subwoofer. A situação é representada pelo símbolo:

Abaixo, o direcionamento no sistema de 6 caixas:

Existem ainda esquemas de codificação bem menos comuns que prevêem mais canais, para uso em sistemas que empregam um número maior de caixas, como os exemplos abaixo:

         

Além dos símbolos acima, uma outra notação é também utilizada, na forma "a.b", onde "a" é um número que representa a quantidade total de canais para médios e agudos e "b" a quantidade de canais para os graves, normalmente o número "1", para indicar a presença do subwoofer e "0" para indicar sua ausência. Assim por exemplo, o símbolo

corresponde a " 5.1 ". A especificação do formato DVD-Video é dessa forma, prevendo o uso de até 5 canais + 1 subwoofer.

Diversos algoritmos existem para codificar os canais de áudio conforme os esquemas acima. Alguns mais antigos, como o Dolby Pro Logic, não previam separação dos canais traseiros nem o uso do subwoofer. Utilizando uma técnica de inversão de fase derivavam 4 canais (os frontais esquerdo, central e direito e um único traseiro) a partir de 2 canais estéreo esquerdo e direito. No entanto, versões melhoradas foram desenvolvidas, prevendo o uso do subwoofer (Dolby Pro Logic + subwoofer) e separação dos canais traseiros (Dolby Pro Logic II). Outros algoritmos desenvolvidos posteriormente já apresentavam essas possibilidades, como o AC3 (versão do Dolby Digital para home theater) e o DTS.

Os algoritmos acima permitem trabalhar com um número menor de canais do que sua capacidade normal, o que permite seu uso com diversos tipos de materiais, como filmes antigos e atuais por exemplo, programas de TV, documentários, musicais e outros. A figura abaixo exibe diversas possibilidades de sistemas / canais:

(1) os canais central e traseiro são derivados dos 2 canais frontais direito e esquerdo

(2) os 4 canais são codificados separadamente

(3) presente em alguns programas de edição-não-linear / autoração.

(4) utilizado em cinemas, apresenta um canal extra para alimentar 2 caixas traseiras, o canal traseiro central. As caixas traseiras direita e esquerda são neste esquema deslocadas para as laterais da sala.

(5) raramente encontrado em programas de edição-não-linear / autoração.

(6) também utilizado em cinemas, inclui um canal extra denominado traseiro central.