Thomas Edison tem seu nome ligado a diversos inventos, da lâmpada elétrica ao cinema. Em muitos deles, como no caso do cinema, sua contribuição foi no sentido de aperfeiçoar e não descobrir algo novo.

No ano de 1889, antes da intervenção de Edison, já existiam filmadoras, ainda que bastante limitadas: o francês Marey (Étienne-Jules Marey), cientista estudioso da fisiologia, havia criado uma câmera para estudo do movimento, capaz de registrar 12 frames em um segundo. Com ela, efetuou vários estudos registrando o movimento de uma grande variedade de seres vivos: insetos, pássaros, répteis, seres humanos e muitos outros. É dele o famoso estudo que mostrou como os gatos caíam sempre da mesma forma ao atingirem o chão.

Já havia também, nessa época, o que é considerado por muitos como o primeiro filme da história ou, pelo menos, o primeiro que sobreviveu e pôde ser documentado e restaurado, um "curtíssima-metragem"; com somente 2.11 segundos denominado Roundhay Garden Scene. Filmado também em 12qps, mostra quatro pessoas caminhando em um jardim em Leeds, na Inglaterra, realizado pelo francês Louis Aimé Augustin Le Prince, considerado por muitos como o pai do cinema.

Nesse ano de 1889, a limitação dos 12 frames de duração total dos filmes desapareceu quando o fotógrafo britânico William Friese-Greene patenteou uma câmera que funcionava a 10fps mas utilizava tiras maiores de película, agora, perfuradas. Seu invento, chamado chronophotographic camera, foi noticiado pela imprensa e William enviou um recorte da notícia para Thomas Edison, nos EUA.

O que aconteceu então foi que Edison entrou na história do cinema ajudando a aperfeiçoar sua tecnologia. Era dono de uma empresa que mantinha um laboratório de pesquisa em diversas áreas do conhecimento tecnológico. Edson já era, na época, o que hoje pode-se ver em grandes empresas de tecnologia, onde uma criação na verdade tem a participação de muitos assistentes e colaboradores, como foi por exemplo Steve Jobs, com suas idéias sendo desenvolvidas por diversas pessoas sob seu comando e orientação.

No caso do cinema sua empresa havia construído o Kinetoscope, do grego kineto (movimento) e scopos (para ver). Na realidade ele havia concebido a idéia e participado de algumas etapas de seu desenvolvimento, mas foi um de seus assistentes, chamado Dickson, quem de fato transformou a idéia em realidade. Muitos estudiosos atribuem de fato a William Kennedy Lauren Dickson o mérito de trazer à realidade o Kinetoscope ou Kinetoscópio.

Esse aparelho era, na verdade, uma máquina de exibição de filmes, montados, em trabalhoso processo, através de fotos individuais. Não era, assim, uma filmadora. Com o tempo e como resultado do aproveitamento das idéias de Marey, William e outros, a empresa de Edison desenvolveu uma câmera para alimentar os filmes usados no Kinetoscópio. Esta câmera, patenteada em 1891 foi considerada a primeira filmadora, no sentido como a conhecemos hoje.

Edison iria ainda participar de diversas outras etapas posteriores no trabalho de aperfeiçoamento do cinema, assim como em outras áreas. Através de sua empresa registrou mais de 1.000 patentes, entre elas a do microfone utilizado nos anos seguintes largamente em telefonia, a da lâmpada incandescente, a do gramofone, permitindo o registro permanente do som, a de um aparelho para captura de imagens através de R-X (fluoroscópio) e a de um sistema de geração e distribuição de eletricidade (em 1882 ativou a central de geração fundada por ele, enviando corrente de 110V (DC) para mais de 50 residências na ilha de Manhattan).

Ficou famosa a sua campanha, anos mais tarde, contra a implementação da modalidade AC de corrente elétrica - queria defender seu formato negócio das empresas geradoras, limitado a pequenas distâncias, o que exigia centrais locais. A modalidade AC podia enviar energia a quilômetros de distância. Mas ele não imaginava, na época, que justamente a corrente AC funcionando em 60 ciclos nos EUA iria dar origem ao sistema de TV com 30qps e seus 60campos/seg, sincronizados com esse tipo de corrente.