Ao longo das décadas de produção audivisual desde que a primeira câmera fotográfica foi criada, uma imensa quantidade de tipos e formatos de lentes foi utilizada. A conclusão mais primitiva foi que uma determinada lente produzia uma imagem com um certo tamanho, em uma superfície, fosse qual ela fosse e que o tamanho dessa imagem estava relacionado com o tamanho da lente, em outras palavras, com seu diâmetro.

A seguir outras conclusões foram sendo estabelecidas, como a que relacionava o tamanho com que as pessoas e objetos apareciam na imagem com o poder de ampliação da lente, medido pela sua distância focal. Ou a que propunha o uso de lentes combinadas dentro de uma mesma peça, no formato de um tubo, para produzir imagens de melhor qualidade, onde os defeitos de uma lente eram compensados por outra lente adjacente - surgiam as objetivas.

E ainda uma outra conclusão foi a de que as imagens formadas pelas lentes não tinham a mesma qualidade ao longo de toda sua área e sim, somente em sua região central era encontrada a região de maior nitidez. Isso determinou a construção de objetivas com diâmetro sempre maior do que o da imagem delas a ser aproveitada.

Trazido esse conceito para os tempos digitais atuais, encontram-se no mercado objetivas feitas para câmeras fotográficas de sensores tradicionais no formato 35mm. Desse formato, muito comum, derivou o conhecimento de que distância focal de 50mm correspondia à visão dita normal, menor do que isso, grande-angular e maior, teleobjetiva.

No âmbito das câmeras digitais encontram-se sensores de tamanho intermediário aos pequenos usados nas máquinas digitais e nas profissionais de 35mm (tamanho full frame), chamados APS-C. Para possibilitar o uso das objetivas tradicionais de 35mm nestas câmeras, muitos fabricantes utilizam nelas o mesmo tipo de encaixe das câmeras 35mm. Porém, uma parte da imagem formada será cortada (crop), devido ao menor tamanho do sensor. Assim, a visão que se tem ao olhar-se pelo visor da câmera não corresponderá mais aos enquadramentos grande-angular, normal e teleobjetiva.

O crop factor surge então para fornecer essa indicação: em uma câmera de crop factor 1.6 uma objetiva de 50mm de distância focal, construída para ser normal em um equipamento 35mm, passará a ser ali teleobjetiva, pois 50 x 1,6 = 80mm (devido ao corte, a área a ser apresentada no quadro de imagem será menor, situação típica das teleobjetivas). Nas câmeras onde o encaixe da objetiva é menor, ela própria é também menor em tamanho e sua distância focal deve ser multiplicada pelo crop factor para obter-se a referência 35mm. Um exemplo seria uma objetiva de distância focal 25mm em uma câmera de crop factor 2, resultando no valor 50mm, que corresponde à visão normal.

Essa última situação pode ser encontrada na maioria das informações técnicas sobre câmeras de vídeo tradicionais, onde os sensores são muito pequenos, sob a forma de indicação de equivalência da objetiva da câmera com uma objetiva tradicional para 35mm still.