De alguns anos para cá, notadamente na última década, câmeras de vídeo passaram a oferecer a possibilidade da gravação em 24 quadros por segundo. Com a imagem registrada no modo progressivo para obtenção de maior qualidade, esse formato recebeu a denominação 24p.

O vídeo tradicional sempre funcionou a 30 quadros por segundo: melhor dizendo, a 60 campos por segundo... melhor ainda, a 50 ou a 60 campos por segundo (e consequentemente a 25 ou 30 quadros por segundo, conforme o país). A condição geográfica é determinante, uma vez que o sinal de vídeo, especialmente ao ser transmitido fica sujeito, por razões técnicas, ao sincronismo com a frequência da ciclagem da corrente elétrica local, 50 ou 60 ciclos, uma herança dos tempos antigos que poderia ser dispensada hoje, se a TV fosse criada na atualidade.

Não se pode hoje abandonar esse gigantesco legado de milhares de horas registradas nas velocidades 24, 25, 30 e 60 quadros por segundo. Excluindo a cadência dos países de 25 ciclos, temos, para nossa realidade, os números 24, 30 e 60. Não fosse o cinema teríamos somente os dois últimos. Mas nessa questão do cinema o motivo não é exatamente a exibição de conteúdo 24p nos sistemas de televisão, pois essa é uma questão resolvida desde os primórdios da TV, com o aparelho telecine que fazia justamente isso.

É uma questão mais estética e cultural, onde existe o desejo de se fazer cinema sem os custos envolvidos relacionados ao registro das imagens e processamento da película. É certo, por um lado, que dependendo do que se quer fazer, gravar em vídeo pode ter custos associados à pós-produção até maiores do que os gerados com o simples registro em película para orçamentos extremamente baixos. Mas na maioria dos casos o que se vê é o vídeo tentando imitar o cinema, seja com sua velocidade de 24 quadros, seja com sua pouca profundidade de campo.

Disso tudo decorre que o número 24 vai sempre coexistir com os números 30 e 60 em vídeoprodução.

Mas o melhor fica por conta do espectador, que não precisa preocupar-se com nada disso: nossos televisores são capazes de exibir imagens de qualquer tipo hoje em dia, até mesmo fazendo ajustes nada corretos, caso das pessoas que preferem distorcer imagens em formato tradicional (não widescreen) para que ocupem toda a tela. Uma questão de gosto particular que, é claro, não se discute, como diz o ditado.