Recentemente um passageiro foi impedido de embarcar em uma companhia aérea acompanhado de sua cadeira de rodas elétrica, porque há uma norma que impede o transporte nos aviões de "cargas consideradas perigosas, como baterias líquidas que movimentam as cadeiras de rodas motorizadas". A confusão se formou independente da alegação do passageiro de que a bateria utilizada em sua cadeira era do tipo seca e, por isso, inofensiva ao vôo. O fato mostra a dificuldade de entendimento de alguns conceitos técnicos do dia a dia - caso da bateria por exemplo - por leigos no assunto (no caso, os funcionários da companhia aérea) que, por via das dúvidas, acabam generalizando esses conceitos. Em outras palavras: toma-se o que é mais conhecido - baterias empregadas em automóveis, no exemplo - como definição geral, até mesmo devido ao seu aspecto externo semelhante.

Em fotografia tem ocorrido fato semelhante: fala-se muito hoje de "revelação digital". O verbo revelar significa "tirar o véu", "descobrir". E é exatamente o que ocorre na fotografia tradicional, quando só se descobre o que ficou ou não gravado no filme após o processo de revelação, onde produtos químicos fazem desaparecer os cristais de prata até determinado grau expostos à ação da luz e outros não, formando assim a imagem (só existe imagem porque existe contraste, caso contrário haveria um quadro ou totalmente branco ou totalmente negro, para falar de foto P&B). No caso da foto digital, nada disso existe: ela está lá, prontamente "revelada" no visor da câmera assim que o botão é pressionado para gravá-la na memória. O que se pode fazer a seguir é imprimir aquela imagem em papel, do mesmo modo como fazemos com o negativo (já revelado) tradicional. Como a imagem do negativo é muito pequena, diz-se que se está fazendo uma "ampliação" da foto. A imagem digital é composta por cargas elétricas / magnéticas armazenadas nos dispositivos de memória - chips tão pequenos quanto os negativos.

O certo seria então usar "ampliação digital" e não "revelação digital". Mas, como no caso da bateria, acaba-se tomando um pelo outro e o termo incorreto torna-se cada vez mais corrente. E em videoprodução um caso clássico é o da "filmadora" ... termo usado popularmente para a "câmera de vídeo". Talvez devêssemos aceitar a convivência pacífica dos dois mundos, o popular e o técnico, desde que os envolvidos nas áreas técnicas preservassem o vocabulário correto... o que não impediria no entanto a rejeição do embarque da citada cadeira, motivada pela falta no local de um técnico conhecedor do assunto.

Neste mês, o FazendoVídeo acrescenta uma nova seção ao site, a de "Artigos" - que podem ser acessados a partir de qualquer página do setor 'Informações Técnicas" ou através do "Índice" - trazendo uma visão diferente de alguns conceitos da produção de vídeo. E continua o trabalho de melhoria no tempo de acesso aos ítens técnicos, com a segmentação dos setores "Luz" e "Formatos".