HDV (High Definition Video) não é o mesmo que HDTV (High Definition Television): os equipamentos de HDTV são muito mais custosos e sofisticados e os equipamentos e o forrmato HDV não foram concebidos para serem seus competidores. Ele é widescreen (como a HDTV) e trabalha com imagens em HD (High Definition), também como a HDTV. Mas as coincidências param por aí: os formatos VHS e Betacam também trabalham com o mesmo formato de tela (proporção 4:3), possuem a mesma resolução vertical (525 linhas, no sistema NTSC) mas tem diferentes resoluções horizontais.

O HDV começou a nascer em 2003, quando Canon, Sony, JVC e Sharp iniciaram trabalhos para criar um padrão de HD para o segmento semi-profissional e consumidor. A JVC lançou então a câmera JY-HD10U para o segmento profissional, a primeira câmera HDV a ser comercializada. Mais tarde viria a GR-HD1US, também da JVC, para o segmento semi-profissional e então a Sony com sua HDR-FX1. As duas da JVC funcionam com somente 1 CCD (do tipo CMOS) e a da Sony com 3CCDs tradicionais, responsáveis por uma melhor característica de cor, contraste e nitidez na imagem.

Seu sinal pode ser exibido em TVs comuns não HD, mas seu objetivo é exibir uma imagem 16:9 de alta resolução em TVs de alta definição (do tipo plasma, LCD, CRT, projetores, televisores DLP ou D-ILA, etc...). Em uma TV comum, as vantagens HD do HDV não aparecem. Por outro lado, TVs HDs não são todas iguais: a imagem de uma câmera HDV conectada a uma TV de plasma, de 852x480 pixels de resolução pode ficar igual a de uma câmera Mini-DV de 3 CCDs, ambas em condições ótimas na captação. Já por exemplo em uma TV rear-projection do tipo HD-ILA, a diferença de qualidade da imagem ultrapassa enormemente a da Mini-DV.

Da mesma forma que o formato DV Digital-8, criado utilizando as fitas de um formato já existente (Hi8), não existe "fita HDV" : o HDV utiliza as mesmas fitas do formato Mini-DV, inclusive com a mesma velocidade o que propicia o mesmo tempo de gravação. A etapa de edição está hoje bem preparada para enfrentar as dificuldades de manuseio do novo formato: através de plug-ins de terceiros ou soluções próprias os principais fabricantes já adaptaram seus programas para o trabalho com o HDV, existindo inclusive diversas soluções completas (turnkey) HDV.

Após ter sido editado, o material HDV pode ser utilizado para gerar DVDs; no entanto, DVDs não são a mesma coisa que HDV, ou seja, enquanto HDV é HD o DVD não é, pelo menos os DVDs que conhecemos e utilizamos hoje. Existem atualmente diversas soluções para DVDs de alta definição sendo propostas, mas a situação é mais parecida com as famosas batalhas Betamax x VHS do passado e DVD+R/-R e +RW/-RW do passado recente.

As duas soluções que mais chances possuem de se tornarem padrão são o HD-DVD (da Toshiba e NEC, também conhecido como AOD) e o Blu-Ray da Sony e Philips. Esses dois tipos de discos ópticos utilizam laser azul ao invés do tradicional vermelho, devido ao seu menor comprimento de onda, um dos fatores que determinam sua maior capacidade de armazenamento - característica exigida pelos formatos HD. O apoio de grandes empresas a um ou a outro formato, tanto da área de vídeo (JVC, Mitsubishi, Sharp) como de computação (HP, Dell), as diferenças na capacidade de armazenamento, a compatibilidade ou não com os milhões de discos DVD hoje existentes e também com os novos formatos entre si, o apoio de organizações como o DVD-Forum e de grandes estúdios de Hollywood e ainda as discussões em torno do padrão Windows Media 9 HD e de royalties envolvidos são apenas alguns dos entraves que atrasam hoje a adoção de um ou de outro formato.

Alguns softwares permitem hoje fazer a autoração de DVD-ROMs com conteúdo HD gravado com o Windows Media 9 HD, porém os mesmos só podem ser reproduzidos em micros com Windows XP, não em DVD players comuns. Outras formas de output para o conteúdo HDV editado são o Quick Time, um deck de gravação do formato DVCPRO HD e a própria câmera onde a fita foi gravada em HDV, além, é claro, da conexão direta da câmera ou micro com TVs ou projetores HD.

HDV para quem? A seguir, algumas possíveis aplicações para o formato HDV. Quem já possui HDTV operando em seu país: estas pessoas, se tiverem um aparelho de HDTV em suas casas, poderão apreciar em alta resolução as imagens gravadas em câmeras HDV. Desta forma, o HDV permite prover conteúdo para esses aparelhos, normalmente ociosos nos anos iniciais de implantação desses sistemas. Quem não tem HDTV em seu país (nosso caso) mas tem um televisor High Definition - HD de alta resolução também pode assistir imagens em alta-resolução. Com a ressalva de que nem todo televisor de tela larga é HD e dentre os que são, existem vários níveis de capacidade de exibição em alta-definição. Para TVs que utilizam os níveis mais baixos a diferença entre HDV e Mini-DV pode ser imperceptível. Outra aplicação é fazer registros para o futuro - e oferecê-los para pessoas que hoje não possuem televisores desse tipo, mas no futuro poderão tê-lo quando houver um sistema HDTV implantado no país (como eventos que eram registrados em cor quando a maioria dos televisores ainda era P&B).

Quanto ao transfer para película cinematográfica ainda o Mini-DV deve ser o escolhido, e não o HDV. Uma das razões é que o formato HDV não prevê o registro de imagens a 24qps no modo progressive scan (24p), opção existente nas câmeras topo de linha do segmento semi-profissional Panasonic DVX-100 e Canon XL2 que facilita bastante este tipo de operação. A outra razão pode ser creditada às altas taxas de compressão utilizadas no HDV, que emprega o algoritmo MPEG2 para reduzir o volume dos dados gravados, acarretando o risco potencial de problemas com artefatos de imagem (cor e definição), que podem passar desapercebidos pelo público da sala de estar em frente à TV HD, mas que são importantes em processos de qualidade como o transfer.