Em todas as áreas do conhecimento humano elas estão presentes: são os freios ABS, o localizador GPS, as pesquisas sobre ELA, os CCDs da câmera, o HD do micro e as decisões da ONU. Convivemos com diversas siglas no dia a dia, utilizadas para facilitar a comunicação nos mais variados assuntos.

Em videoprodução não poderia ser diferente. A questão é que muitas delas são não tão bem conhecidas por todos. Assim, formamos este segundo conjunto de siglas, muitas vezes frequentemente empregadas sem que tenhamos noção exata de onde vieram e o que significam. Vamos a elas !!

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BNC (British Naval Connector ou Bayonet Neil Concelman ou Bayonet Nut Connector) existem vários nomes para este conector de cabos coaxiais. O cabo que conecta-se a ele, chamado "coaxial", é formado por 2 condutores, um central - fio grosso de cobre - e outro em forma de malha de fios de cobre envolvendo-o, sendo o condutor central isolado da malha por uma camada de plástico). O BNC é utilizado em aplicações de rede de computadores, no transporte de sinais de aparelhos de medição de altas frequências (osciloscópios por exemplo) e no transporte de sinais de vídeo (imagem) em aplicações profissionais.

Ao contrário de outros conectores, que podem por acidente serem desencaixados com certa facilidade, o BNC pertence ao grupo de conectores que possuem uma trava de segurança. Trata-se na verdade de um engate que prende-o firmemente à fêmea (através de um pino localizado nesta e encaixe do tipo girar/travar), impossibilitando com isso o desencaixe acidental. Inventado pelos americanos Paul Neil e Carl Concelman, possui várias traduções de sua sigla, como Bayonet Neil Concelman, em alusão ao encaixe do engate (do tipo baioneta) e a seus criadores. Ou então British Naval Connector, em referência à sua utilização na marinha inglesa. Devido às duas características de robustez e capacidade de transmissão de sinais é utilizado, além de em vídeo, também em diversas aplicações de comunicações.

BoB (Breakout box) apesar de seu nome poder lembrar-nos de algum simpático cachorro, relaciona-se com a fase de edição em computador. Normalmente as conexões de cabos em um computador são efetuadas em sua parte traseira, principalmente nos modelos do tipo desktop. Nas aplicações de edição, onde existe uma placa inserida no computador somente para esta finalidade, as entradas e saídas de áudio e vídeo também acabam situando-se no mesmo local. Em outras palavras, isso significa algumas flexões lombares, contato com poeira e mesas arrastadas, entre outros inconvenientes. Para facilitar a tarefa de conexão e desconexão frequente desses cabos, alguns fabricantes de equipamentos de edição passaram a oferecer a possibilidade de efetuá-las de forma fácil em uma pequena caixa, esta sim, conectada via cabos na parte traseira do micro. Esta caixa pode ser colocada por exemplo em cima da mesa onde está o computador, tendo assim fácil alcance. Com diversos tipos de conectores tornou-se uma mão na roda para os editores.

ENG (Electronic News Gathering) se uma locadora trabalha com equipamentos do tipo ENG isso não significa que a "marca" desses equipamentos seja essa... muito ao contrário, indica o uso de equipamentos leves e geralmente mais portáteis do que os utilizados em estúdio, para gravações externas na obtenção de notícias. Antigamente para esta função usavam-se câmeras cinematográficas portáteis (geralmente no formato 16mm): os repórteres enviavam para as emissoras de TV os filmes, para lá serem rapidamente revelados e levados ao ar. Nessa época o termo aplicado a esta função era "NG" (News Gathering, obtenção de notícias). Com o surgimento do videotape, inicialmente a situação ainda não mudaria durante alguns anos, devido à não portabilidade desses equipamentos.

No entanto a situação mudaria em definitivo com o surgimento do videotape portátil, onde o deck de gravação, reduzido, podia ser carregado a tiracolo, com a câmera conectada ao mesmo através de um cabo. Essas primeiras unidades de videotape portátil começaram a substituir o uso das câmeras cinematográficas e o fato do vídeo (meio eletrônico) estar substituindo o meio fotográfico de captura levou ao termo "Electronic" de ENG. Mais tarde a transição se completou com o surgimento das camcorders, que uniam câmera (câmera) e gravador(recorder) em um único aparelho. A captura de notícias através de películas desapareceria completamente na década de 80.

O conceito ENG envolve também as pessoas empregadas na tarefa: ao contrário da produção tradicional, a equipe é muito pequena, podendo mesmo limitar-se ao próprio operador de câmera. A ênfase é na rapidez e na mobilidade, pois as notícias necessitam chegar rapidamente às emissoras. Equipamentos modernos são capazes de também efetuar a transmissão à estas emissoras, via Internet, microondas ou equipamentos conectados a satélites, variando a quantidade de pessoas e equipamentos envolvidos nesta tarefa, desde uma única pessoa (o câmera, novamente, em situações onde é inviável o envio de equipes maiores) até vários operadores em veículos especiais, adaptador para realizar essas tarefas - muitas vezes munidos de torres retráteis para maior facilidade de transmissão dos sinais.

EFP (Electronic Field Production) é o conceito que se contrapõe ao ENG. Indica o uso de equipamentos e pessoas para gravações externas, porém, ao contrário da forma ENG de trabalho, a prioridade não é a portabilidade e a rapidez na transmissão das informações (no caso, as notícias) e sim a qualidade da captação da imagem. Gravação de shows, eventos, esportes, etc... constituem exemplos de aplicação deste conceito. As equipes envolvidas em EFP geralmente são numerosas e os equipamentos também, envolvendo muitas vezes centenas e centenas de metros de cabos e mais de uma câmera. Muitos desses eventos (transmitidos ao vivo ou não) envolvem o uso de veículos especiais que carregam os equipamentos não só para gravação como também para a edição no local das cenas a serem aproveitadas. Fazem parte desses equipamentos mesas de corte (para uso do diretor de imagem), geradores de caracteres, mixers de áudio, geradores de replay e diversos outros.

HMI, o famoso refletor utilizado inicialmente em grandes produções devido à sua alta potência de luminosidade, gerando uma luz muito parecida com a luz do dia, hoje é encontrado também em versões e potências menores, como 500W por exemplo. Pode ser considerado como a versão moderna do antigo arco voltaico de carvão, até então conhecido como a luz artificial de maior intensidade disponível. A sigla HMI provém de abreviações dos nomes dos componentes da lâmpada utilizada nesse tipo de refletor: "H" de Mercúrio (Hg), "M" dos metais raros (metais pouco abundantes na Terra) Dysprosium (Disprósio, elemento 66 da tabela periódica), Thulium (Túlio, elemento 69) e Holmium (Hólmio, elemento 67) e "I" dos elementos halógenos Bromine (Bromo, elemento 35) e Iodine (Iodo, elemento 53). O Mercúrio é o responsável pela geração da luz na lâmpada, a partir da corrente elétrica, os metais raros pelo controle da temperatura de cor dessa dessa luz e o Iodo / Bromo pelo aumento da durabilidade do bulbo da lâmpada, além de garantir que os metais raros permaneçam concentrados na parte principal do bulbo, onde a luz é gerada.

As primeiras lâmpadas HMI não podiam ser dimerizadas, ou seja, ter sua luz reduzida controladamente através de um dimmer. Atualmente isto é possível (em valores pequenos, como por exemplo 30% de sua potência luminosa total), no entanto ocorre juntamente com a dimerização um ligeiro deslocamento na temperatura de cor da lâmpada em direção à tonalidades azuis (esfriamento da cor). Esse comportamento é exatamente o oposto do que ocorre com uma lâmpada de tunsgstênio que, ao ser dimerizada, tem sua luz esquentada (aumento das tonalidades vermelhas).

Com o uso, o vidro do bulbo da lâmpada (fabricado em quartzo) sofre um processo denominado devitrificação (deteriorização do vidro), o que faz com que a temperatura de cor da lâmpada diminua de 0,5K a 1K por hora de funcionamento da mesma (esquentamento da cor, em direção à tonalidades avermelhadas). A variação desses valores (0,5K-1K) depende da potência da lâmpada. Por este mesmo motivo, as lâmpadas HMI possuem um tempo previsto fixo em termos de horas de utilização, que não deve ser ultrapassado: tempos de utilização maiores do que 25% de sua vida útil passam a acarretar risco de explosão. É devido a esse risco que os refletores que empregam esse tipo de lâmpada são geralmente mais pesados e robustos. No segmento profissional existem grandes refletores utilizando este tipo de lâmpada, com potências luminosas altas como 12.000 ou 18.000 W (12kW ou 18kW).

IRE (Institute of Radio Engineers) a famosa unidade utilizada para medir o brilho da imagem de vídeo tem suas iniciais derivadas do também famoso instituto criado em 1912, atualmente englobado dentro do também famoso IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers, que tem seu nome associado ao padrão FireWire / iLink como IEEE-1394). A escala IRE define, para a imagem, a escuridão total com o valor 0 IRE e o branco total, 100 IRE. Um sinal ideal de vídeo não deve nunca ter intensidade de brilho inferior a 7,5 IRE e nunca superior a 100 IRE - fora destes limites, haverá distorção na reprodução da imagem.