O assunto já foi discutido aqui em outro artigo, mas sempre vale a pena relembrar alguns de seus conceitos fundamentais: trata-se da captação de imagens com câmeras, particularmente câmeras de vídeo. No entanto, deve ser notado que muitos desses conceitos estão também em outros tipos de câmeras, como as "still" (câmeras fotográficas).

Um deles refere-se à abertura.

A quantidade de luz que atinge o sensor na câmera depende de dois fatores: o diâmetro da objetiva (quanto maior, mais luz entra através dela) e também, em pequena proporção, a distância focal no momento da captura. Devemos lembrar aqui que a distância focal - melhor detalhada adiante - pode ser sempre fixa para determinada objetiva ou então poder variar, nas objetivas chamadas zoom. Distâncias focais longas (característica das teleobjetivas) costumam produzir imagens ligeiramente mais escuras do que distâncias focais curtas (característica das grande angulares).

Se considerarmos uma determinada objetiva, com um determinado diâmetro e com uma determinada distância focal, ela conseguirá levar uma certa quantidade de luz até o sensor. Esta quantidade pode variar, em outras palavras, pode ser reduzida de seu valor máximo para valores menores. Isso é o que faz uma peça instalada dentro da objetiva, denominada íris. Podemos fazer um paralelo com nossos olhos, onde a pupila tem sua abertura reduzida (para entrar menos luz dentro do olho e por conseguinte atingir a retina) em situações em que há muita claridade onde estamos. Por outro lado, tem sua abertura aumentada (para fazer o efeito inverso) em locais de pouca luz.

No nosso olho, abertura da pupila maior do que o valor exigido para determinada situação causa desconforto intenso - como no oculista, quando a pupila tem que ser dilatada para exames e procedimentos diversos no olho. E abertura menor do que o exigido, faz com que não enxerguemos quase nada - como no cinema com a sessão iniciada, ao entrarmos na sala sem que o olho tenha tido tempo de abrir mais a pupila, um processo lento e gradual.

Na câmera, excesso de luz causa o efeito de super-exposição (detalhes em áreas claras não são registrados) e falta de luz, o efeito de sub-exposição (detalhes em áreas escuras não são registrados). Então existe a necessidade de fazer ajustes para obter-se a "melhor" exposição, ou seja, atingir o resultado (mais ou então menos exposto) desejado pelo fotógrafo. Ou então deixar a tarefa a cargo do processador da câmera - processo denominado exposição automática.

Tanto em um como em outro caso, o que irá ocorrer, em termos de abertura, é o ajuste da íris dentro da objetiva, permitindo que o sensor receba mais ou então menos luz. A íris desempenha este papel através das várias lâminas sobrepostas que a compõem, que abrem-se ou fecham-se regulando assim o tamanho da abertura por onde a luz passa.

Cálculos matemáticos permitem associar números a determinadas aberturas do diafragma (outro nome para a íris) para que se possa ter noção da quantidade de luz que entra através da objetiva. Assim, é muito conhecida no meio fotográfico a sequência 1.4 / 2 / 2.8 / 4 / 5.6 / 8 / 11 / 16 podendo outros números existirem abaixo e acima dessa escala.

A cada aumento de número (diz-se "ponto") a quantidade de luz que entra pela objetiva diminui pela metade. Assim, com 5.6 temos metade da luz atingindo o sensor do que com o ajuste 4.

Em objetivas do segmento profissional de vídeo é possível ver essa escala marcada no anel que controla a abertura da íris. Nos segmentos de vídeo consumidor e semi-profissional esses números, chamados f-stops, geralmente não aparecem na objetiva, pois o controle sobre os mesmos é feito de maneira indireta através de um mecanismo interno que envolve pequenos motores e processadores - mesmo que possa parecer, em alguns modelos de câmeras, que girar o anel da abertura faça uma conexão mecânica direta com as lâminas da íris. Às vezes este controle não aparece em um anel da objetiva e sim em um joystick em outra parte da câmera, um disco giratório ou algum outro tipo de peça que permite enviar informações ao processador para que faça o ajuste desejado.

Este tipo de ajuste indireto normalmente não é muito preciso (quando comparado com o tipo anel marcado das objetivas profissionais), mas funciona da mesma forma, deixando passar mais ou menos luz. Muitas câmeras indicam esses valores no visor, para dar uma idéia bem aproximada do que está ocorrendo em termos de exposição.

A quantidade de luz que atinge o sensor também é controlada por um outro elemento chamado obturador. Enquanto a abertura refere-se à quantidade de luz que entra através da objetiva, o obturador controle o tempo que essa luz permanece incidindo sobre o sensor. Em câmeras mecânicas trata-se de um dispositivo que tampa a entrada da luz, deixando que ela passe por alguns instantes e voltando a impedir sua entrada a seguir. Se for foto, trata-se de um abrir e fechar para fazer uma foto. Se for filme, esse abrir e fechar é rítmico, em uma cadência requisitada pelo modo de registro de imagem, por exemplo (o mais comum) gerando 24 imagens por segundo.

Em câmeras com sensores (CCDs / CMOSs) não existe obturador mecânico e sim um processo eletrônico que simula sua existência.

Falamos acima sobre exposição automática. Também conhecido como "controle automático de exposição", está presente em todas as câmeras de vídeo (ao menos como opção selecionada através de botões ou de um menu). Trata-se de um programa que ajusta automaticamente a velocidade do obturador e a abertura do diafragma de acordo com as condições de luz do local para onde a câmera é apontada.

O controle automático de exposição normalmente oferece 3 possibilidades: 1) controlar automaticamente o obturador e o diafragma em função da medição das condições de luz. 2) oferecer ao operador a possibilidade de escolher a abertura: o controle determina então automaticamente qual deve ser a velocidade do obturador para se obter a exposição correta, em função da medição das condições de luz (conhecido como aperture priority) 3) oferecer ao operador a possibilidade de escolher velocidade do obturador: o controle determina então automaticamente qual deve ser a abertura para se obter a exposição correta, em função da medição das condições de luz (conhecido como shutter priority).

Tendo-se estabelecidas as condições básicas para a obtenção da imagem (abertura / obturador) podemos passar à própria objetiva em si, lembrando também de um conceito bem básico chamado distância focal. Ela permite fazer a comparação das objetivas em função do resultado de aproximação de imagem que propiciam. Objetivas que captam uma grande área à sua volta denominam-se grande angulares (abrangem um grande ângulo de visão) e possuem distância focal pequena. Objetivas que captam imagens distantes, por efeito de aproximação acabam por excluir os objetos e pessoas ao redor, dizendo-se que possuem um pequeno ângulo de visão - possuem distância focal grande.

Isso pode ser verificado facilmente com 2 lupas de aumento comuns - dessas de colecionador de selos por exemplo. Em uma parede branca, aproximando-se 1 lupa da parede, vê-se a imagem do que está a sua frente ali formada. Para a imagem tornar-se nítida, a lente tem que ser posicionada a uma certa distância da parede, é isso o que faz o processo de focar a imagem na câmera - a parede faz o papel do sensor.

Se agora sobrepusermos a segunda lente sobre a primeira, necessitaremos aproximar mais o conjunto da parede. Isso porque a distância focal do conjunto mudou, diminuiu; a imagem formada passou a abranger mais elementos, em outras palavras, a nossa "objetiva" tornou-se mais grande angular do que antes: lentes grande angulares possuem distância focal pequena. Do mesmo modo podemos afirmar para o inverso, lentes teleobjetivas possuem distância focal grande.

Finalmente a objetiva zoom: através de um bloco móvel de lentes dentro de um tubo metálico consegue-se alterar a distância focal do conjunto para mais ou para menos, mudando o efeito de sua captura de imagem de grande angular para teleobjetiva.

Câmeras fotográficas portáteis do segmento consumidor, com lentes zoom, permitem ver isso na prática, quanto, ao acionar o zoom para a posição "T" a objetiva se projeta para fora do corpo da câmera. Dissemos "com lentes zoom" ao invés de "com objetivas zoom" porque é outro modo muito comum de referir-se às objetivas: dentro de uma objetiva existem diversas lentes, mas no linguajar informal diz-se por exemplo de uma câmera que permite a troca da lente de distância focal menor por outra de distância focal maior.

Abertura, obturador e distância focal - três elementos muito importantes e básicos em qualquer captura de imagens.